Um pulinho no Panamá

Em geral viajar a trabalho é uma coisa muito chata, pois ainda que algumas vezes o destino seja um lugar legal, raramente nos sobra tempo para aproveitar além da paisagem que se pode ver pela janela do carro.

Mas é bem menos chato, e muitas vezes é até bem legal, quando o destino é algum lugar que ainda não conhecemos.

Em 2012 tive a oportunidade de visitar um destes destinos inéditos, numa viagem de última hora, em que tive a satisfação de conhecer um pouquinho do Panamá.

Em geral, achamos que conhecemos nossos vizinhos, mas se você tentar ir mais a fundo um pouco, verá que a maioria dos brasileiros sabe pouco sobre estes países latinos e, quando muito, sabem dizer algo apenas sobre nossos principais fronteiriços (Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru, Colômbia  Bolívia e Venezuela) e o Chile. Mesmo alguns com que temos fronteira, como as Guianas e Suriname, conhecemos quase nada.

É claro que sabemos da existência deles, mas a maioria tem dificuldades até para localizar os principais países da América Central. Exceto pelas visitas que alguns já fizeram ao Caribe, poucos já dedicaram algum tempo a esta área do globo.
Eu sempre fui um apaixonado por Geografia, então não teria dificuldades em apontar as informações básicas de alguns destes países mas, acreditem, visitar o local, ver suas paisagens, sua gente e seus costumes acrescenta um valioso aprendizado ao que encontramos nos livros.

Carimbo novo no passaporte
A chegada ao Panamá já me surpreendeu. Já estivera naquele aeroporto por outras duas oportunidades, em escala para os EUA, e esta nova visita já me mostrou uma primeira imagem do crescimento econômico pelo qual o Panamá vem passando.
Grande, espaçoso, com muitas lojas e boa infraestrutura, supera em muito os aeroportos brasileiros, o que nem é tão difícil assim, e deixa claro o porque daquele aeroporto ser tão usado em viagens entre as Américas.

Duty freeDuty free

Saindo do aeroporto, a primeira imagem é do transito pesado, mas isto nem é tão incomum, pois qualquer grande cidade tem isto, principalmente em horário de pico como aquele.
Mas já dava para ver que uma cidade grande me esperava pela frente.


A Cidade do Panamá deve ter cerca de 1,5 milhões de habitantes, aproximadamente a metade da população do país e chama a atenção pela grande quantidade de edifícios muito altos, entre eles o Trump Ocean Club, o maior edifício da América Latina, com seus 284 m de altura, distribuído em 70 andares, com hotel, 7 restaurantes, etc.

Atravessei a cidade de uma ponta a outra, acompanhando a faixa litorânea (ela fica à beira da Bahia do Panamá, no Pacífico), desde o Aeroporto Internacional até um pequeno e antigo aeroporto regional localizado ao lado do porto, numa das pontas do Canal do Panamá.

Durante o trajeto, em boa parte pela Av. Balboa, não era raro visualizar as obras de construção do metrô, que em breve deve melhorar bem o trânsito da cidade.
Também não eram raros canteiros de obras de novos edifícios, em que os panamenhos esbanjam criatividade.






"Diablo Rojo", ônibus típico dos países latino-americanos, para me lembrar de onde estou......e um moderno, para me lembrar que estamos evoluindo.


O Balboa parece ser um importante herói nacional. Foi ele quem primeiro chegou ao Pacífico e acabou dando nome a avenida que acompanha a costa e à moeda do país.
O "Balboa" dinheiro, aliás, é um ponto curioso. Se você busca sobre a moeda oficial, verá que é o "Balboa", mas quando chega ao aeroporto e não encontra nenhuma casa de câmbio, já causa alguma estranheza.
Consegui ter meu exemplar da moedinha de 1 Balboa graças à ajuda de um taxista que, depois de muito insistir que eles não usam tal moeda, conseguiu uma pra mim.
O dinheiro lá, na prática, é o dólar americano. As notas e moedas são quase sempre as norte americanas, exceto justamente pela moedinha de 1 Balboa, que é mais fácil de encontrar que as moedinhas gringas.
Estátua de Vasco Nuñes Balboa, o "descobridor" do PacíficoUma vista geral da cidade, com suas muitas obras

Acreditem, há uma grande bandeira do Panamá no alto daquele morro
O Panamá está entre os países da América Latina que têm feito o dever de casa direitinho e com isto têm conseguido taxas bastante elevadas de crescimento econômico (10,6% em 2011), redução da taxa de desemprego, das dívidas e da pobreza. É claro que ela ainda existe e é bem visível, mas é claro no sentimento do panamenho como ele tem acreditado que estão no rumo de diminuir suas dificuldades, e em alta velocidade.




O canal ainda é parte muito importante da economia, não apenas pela cobrança de pedágio dos navios que passam por lá (como curiosidade, o menor valor pago até agora foi de U$ 0,36, pago por Richard Halliburton por atravessar o Canal a nado em 1928), mas também pela grande rede de serviços montada ao redor das operações do Canal.
Em conjunto com os baixos impostos cobrados pelo país, que atraem um grande número de sedes de empresas de logística (possuidoras de navios) e bancos, o setor de serviços acaba por representar cerca de 2/3 da economia do país.


Mas minha passagem pela Cidade do Panamá ficou nisto. Atravessei a cidade de um aeroporto ao outro e então peguei um novo voo com destino à cidade de David, na divisa com a Costa Rica.

Não tenho boas fotos de David, pois a passagem por lá foi tão ou mais rápida que pela capital, mas em David já tive a oportunidade de almoçar, caminhar nas ruas e dormir duas noites em um hotel por lá.
É nada imponente quando comparada à capital, mas se mostra segura (as pessoas deixavam nos notebooks visíveis em seus carrões na hora do almoço), alegre e acolhedora.
Com forte e evidente influência indígena na formação da população, passa a impressão de que estamos numa cidadezinha agrícola, ainda que David não seja assim tão pequena (eu chutaria uns 150 mil habitantes) e que talvez a agricultura nem seja tão importante assim, uma vez que é recheada de grandes lojas e shopping centers, que devem atrair um grande número de visitantes costarricenses.


E voar no Panamá é outra curiosidade. O país é cortado por uma cadeia de montanhas em toda sua extensão, sempre coberta por uma densa e colorida floresta tropical, mas o mais incomum é que quase todo o tempo você tem vista tanto para o Pacífico quanto para o Mar do Caribe, fazendo com que todos no voo tenham vista para a linha costeira.
O aviãozinho que me levou pelo país




E de volta à capital, tomei o rumo para casa com a certeza de que assim que possível volto ao Panamá, para passeio em seu interior com mais tempo para aproveitarmos e tiramos melhores fotos.









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