Portugal, ora pois, mas sem o Bock...

Esta publicação, muito atrasada, vem em um momento bastante singular, pois escrevo num final de semana que separa nossa data de partida para nossa próxima grande aventura em Portugal da maior separação que sofremos nos últimos tempos, com a partida de um de nossos companheiros de aventura, o Bock.

Estamos prontos para curtir Portugal, atividade que já iniciamos há meses, muito antes da compra das passagens, com o namoro às paisagens que nos esperam, com a expectativas de reencontrar um verdadeiro irmão que temporariamente tenho por lá, os planos, as reservas, os infinitos desenhos de roteiros... Já nem me lembro mais quando foi que trocamos nosso pano de fundo do blog para o mapa de Portugal com a bandeirinha espetada lá.

Esta semana é de arrumação, compra das "encomendas", acertos para que tudo passe bem com os que ficarão e esta é, sem dúvida, a parte mais difícil, em especial com toda esta proximidade da nossa perda.

Os que nos conhecem conseguem entender o que estes bichinhos representam em nossa vida e sabem o aperto que está em nossos corações nesta semana...

O Bock surgiu em nossas vidas quando o Totó começou a se mostrar "velho" e já não conseguia dar vazão às necessidades de companhia da Dot. Procuramos um "Skol" para brincar com ela, encontramos um "Bock" que fez muito mais que isto. Ele nos mostrou que um é pouco, dois é bom e três é demais, mas também que demais é melhor ainda... tivemos que nos adaptar, crescer o colchão, pois ele logo ganhou este espaço, crescer o coração, pois ele logo ganhou mais este espaço.






Quem veio para brincar com a Dot fez muito mais que isto, com ela mais brigava que brincava, coisa de irmãos, mas era o fiel companheiro nos passeios noturnos. Dominavam o bairro, sem hora pra voltar. Não brincava com a Dot, mas brincava com o Totó, o suficiente para tirar seu perfil de "velho", rejuvenesceu. Todos nós rejuvenescemos com ele. Logo que chegou, era o "Sem noção", depois virou "O que não para nunca", mas no final o chamávamos oficialmente de "Bock Bock Bonobo" por sua incrível capacidade de compartilhar seus brinquedos, os ossinhos, o tempo... bastava outro mostrar interesse e ele estava lá para entregar o que tinha, para se entregar.

Também companheiro de viagens, gostava de nadar, causava tumulto no carro... não nos deu tempo de cumprir a promessa de apresentar a ele a praia. O que não parava nunca, parou antes disto.

Parou atropelado, há uma semana, certamente colocando carros pra correr, uma de suas diversões prediletas. Mas não foi suficiente, pois ele mostrou que se levantava, que nem a dor o parava. Levantou, ganhou a casa, mas parou novamente, quando tentávamos ajudá-lo a se levantar... já estava de pé, alegre, só não vimos isto. Aliás, vimos sim.

É doloroso escrever sobre estes momentos. Sinto uma dor que já senti antes e que tenho a consciência de que, infelizmente, ainda sentirei novamente, mas ela traz lembranças do Bock que expulsam qualquer tristeza, pois é impossível pensar nele sem pensar em alegria.

Ele nos deu muita alegria, até aquele seu último momento, deitado em minhas pernas. Nós retribuímos dando a ele uma família. Aquela coisa de brigar toda noite quando ele estava no modo "O que não para nunca", mas sentir o silêncio cortante das novas noites que nem o verão consegue aquecer. Mas que trazem sorrisos a cada uma destas lembranças... impossível lembrar o Bock sem um sorriso.
Dói ver a vasilha de ração ficando pra trás na hora da refeição, mas o sorriso vem logo ao ver a vasilha toda mordida, com as marcas de sua inquietude, de sua alegria.

Bem, mas criamos este blog para falarmos de nossas viagens, e já estamos com um monte de publicações em atraso (estivemos no Grand Canyon no mês passado) e prestes a seguir para Portugal, então vamos em frente... Aguardem breves notícias nossas lá do velho continente...