Um dia na África


Para quem leu a publicação “O Terminal” deve ter pensado que nossa passagem pela África do Sul foi uma furada, mas as coisas mudaram bem depois que a Gabi publicou aquilo.
Eu acredito que a South African Airways (SAA) foi sábia ao escolher aquela “atendente-sargenta” que a Gabi citou. Imagina um vôo chegando atrasado com 300 pessoas, a grande maioria tendo perdido uma conexão para algum lugar... aquela atendente foi até eficiente em colocar todos num hotel sem grandes confusões, mas qualquer pergunta que fazíamos a ela tinha a resposta padrão: “No, you can’t”...

O amanhecer lá foi muito diferente e a África acabou nos dando uma segunda impressão muito boa. Qualquer pessoa a quem pedíamos informações se mostrava extremamente atenciosa, sempre muito sorridente e prestativa.
No final das contas, não há exigência de vistos para brasileiros visitarem a África do Sul a turismo, então podíamos sim sair do terminal, e aquela manhã de terça-feira já se mostrava bem mais agradável.
Buscamos a SAA para buscar detalhes de nosso vôo e os vouchers para enfim tomarmos um café da manhã (ainda dentro do terminal) e o caminho de saída do aeroporto.

Acontece que na nossa chegada, poucas horas antes de aterrissarmos, a Carol tinha apresentado um dos pés bem inchados... a dúvida era se seria conseqüência da cachaça ou se as 15 horas (6 em Guarulhos e mais 9 no avião) sentada poderiam ter causado algum dano.
Viagens longas trazem o risco de uma trombose que por sua vez pode trazer complicações mais graves quando o coágulo se move para lugares críticos, como o pulmão. Não poderíamos deixar passar, então na noite anterior a Carol comentou isto com a Luisa, que rapidamente repassou pra Tutu, que repassou pro Christiano... em poucos minutos já havia se formado um “plantão médico” internacional (de primeira linha) via Skype e uma recomendação importante: “Fazer um exame Doppler!”.
Já havíamos acionado nossa seguradora que eficientemente nos colocou em contato com um parceiro deles lá em Johanesburgo e então já tínhamos um destino: “Arwip Medical Center”. O próprio terminal de transferência do aeroporto em que estávamos tinha uma clínica, mas esta não estava capacitada a fazer o Doppler, então realmente precisávamos sair do aeroporto e buscar o hospital.
Como brasileiros, não teríamos burocracia para sair, pois não precisamos de visto. Uma rápida explicação para o atendente da imigração já seria suficiente, então nos dirigimos pra fila de imigração, esperamos nossa vez, explicamos pro cara que só queríamos ir rapidamente ao hospital mais próximo por conta do pé inchado da Carol e... entrada negada!!!
Pela primeira vez andando de carro "no lado errado"
Como disse acima, nós brasileiros podemos fazer turismo na África do Sul sem visto, mas naquele momento não estávamos pedindo uma entrada para turismo, mas sim para tratamento médico, e então a coisa mudou de figura... um vacilo nosso, claro (e um vacilo semelhante já me proporcionou um tempo de espera de mais de meia hora na imigração no Peru há alguns anos), mas então precisamos passar por uma avaliação médica na clínica do terminal pois só com uma autorização de um médico entraríamos no país. E pra complicar um pouco mais, não havia um médico de plantão. Depois de reclamar que já estávamos tentando sair há horas, de uma vistoria em nossas carteiras de vacinação e de um bocado de discussão entre a recepcionista da clínica e o funcionário da imigração em uma língua africana maluca, acabaram nos liberando. Enfim, entramos na África do Sul.
Boa parte de nossa estadia na África foi nesta esquina do X-Burger Lab

Outro ponto curioso neste tipo de viagem e que foi bem evidenciado na África do Sul é a língua. Normalmente o inglês que usamos para dizer que falamos inglês é o básico que se usa no trabalho e para comprar comida, resolver algum problema de um assunto que é conhecido, mas a não pelos que passaram pelo menos 1 ano num país de língua inglesa, nosso vocabulário em geral é muito restrito. Discutir coisas do trabalho é muito fácil, mas explicar que o pé está inchado, que estamos preocupados de ser uma trombose, responder ao médico os remédios que foram tomados nos últimos dias, das cirurgias já feitas, é uma loucura... mais parece um jogo de Imagem & Ação... E ainda existe o tema do sotaque, pois assim como no Brasil, se você sai de São Paulo para Piracicaba, de Belo Horizonte para Carmo de Minas ou de Valadares para Teófilo Otoni e a língua já é outra, imagina o quanto o inglês da África do Sul não é diferente da Austrália e dos Estados Unidos...
De volta ao terminal, embarcando para Austrália
Ao final chegamos lá, fizemos o Doppler e felizmente nada foi detectado, voltamos correndo e atrasados para o aeroporto e embarcamos com a animação revigorada para mais 12 horas até a Austrália...
Cartão de imigração para Austrália

Um comentário:

  1. É claro que os nossos honorários médicos "internacionais" são bem mais apimentados e serão devidamente cobrados à chegada ao Brasil!!! Bjos!

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